Elogio e Dor da Ignorância.
D. J. DOS SANTOS
Desejo, em meus prelúdios, a alma do ignorante.
Não do bruto, injusto, imoral e arrogante,
mas daquela em que o mundo desmorona e continua elegante.
Ignorante raiz, das massas, de corpo dócil e ofegante.
Não do bruto, injusto, imoral e arrogante,
mas daquela em que o mundo desmorona e continua elegante.
Ignorante raiz, das massas, de corpo dócil e ofegante.
Pessoa que se contenta com o grão que lhe cai da mesa,
e lá embaixo se delicia com aquela tão doce sobremesa.
Admiro o ignorante que não sente o coração palpitar,
quando lá do púlpito tramam seu doce paladar.
Mas, ao sentir todo o mal que a ignorância pode causar,
limpo meus marejados olhos e começo a bradar
contra os indecentes que da ignorância vêm se alimentar,
e com o sangue dela fazem sua casa edificar.
A pessoa ignorante é bela, causa inveja e medo;
seu sofrimento é livre de qualquer lamento.
Apenas Deus conhece o tremular das velas,
que, nas lágrimas, revelam o seu íntimo deveras.

.jpeg)

Comentários
Postar um comentário