Uma Rosa

Por, David Santos


Uma rosa tem uma beleza tão singular que não cabe em si, salta e nos rouba o olhar. Preenche a alma, reitera aquele pequeno espaço vazio que teima em permanecer em nós. Sua delicadeza é um sinal de alerta, pois é guardada por pequenos espinhos que não exitam em tirar um pouco de nosso sangue, talvez, não de má fé, mas por cuidado. A imagem da rosa nos acompanha no despertar do amor e no findar de todos os amores, seja nas mãos postas para recebê-la, as mãos postas ao peito para levá-la. 

À paixão remete o amante, a amante a imagem da rosa. Ela é um atrativo tão grande que não percebemos, ao início, o quão grande podem ser as sequelas de seus pequenos espinhos, mas, talvez,  não haja amor sem paixão, sem essa beleza que salta e nos rouba a alma. 

Já o amor não é a simples resistência aos males da paixão, não pode ser considerado resiliência, mas compreensão. Compreensão de que o outro, de que nós, por mais belos, por mais belas, que sejamos, possuímos arestas que podem ferir. Passamos por fases, por podas, por florações, mudamos. 

Mais que a manifestação do Belo, o amor é uma ação ao encontro d’outro, a nós. É uma forma de reconhecimento e acolhimento. É o compromisso que tenho para comigo que me leva ao compromisso com quem me furtou o olhar. Uma rosa tem uma beleza tão singular que nos leva a amar.


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