Como voltar...


David Santos
Tira os calçados, põe a roupa para lavar, toma um banho. Um costume antigo, que minha mãe herdou, de quando voltávamos do cemitério. Agora todos os dias  isso é comum. Alguns dizem que é histeria e outros morrem. O que foi não pode dizer se estava errado e que fica é cedo demais para opinar.

As ruas refletem um monótono dia de domingo em cidade do interior, mas sem igrejas abertas, sem velórios em muitas partes do mundo. Apenas  mercados e farmácias que lucram infinitamente pelo desespero alheio. Outro dia paguei R$16,90 em 250 ml de álcool em gel.

Aqui em nossos risonhos e lindos campos de um dia para o outro saltamos de 77 corpos para 92. Teremos flores para todos eles, caso ouçamos a voz do inimigo que definiu esse mal como uma gripezinha?

Não há dúvida. À vida é frágil e é a única coisa que temos e que nos mantém conscientes. Sem ela, não somos nada, passamos a ser um corpo que não tem mais possibilidade de construir sua história.

O medo que gira é que a Economia quebre, mas não existe Mercado sem pessoas, sem elas não há Economia que exista. Maior é o medo do Mercado que vê trancafiado os 'corpos dóceis' que geram e consomem suas mercadorias. Esses não tendo como pagar os juros de suas financeiras vão, possivelmente, as levar a falência. Façamos memória ao 'Sêo Madruga', ninguém morre por dever e o 'Sêo Barriga' tem sempre uma gordinha para consumir.

Para que tenhamos um amanhã é necessário que todo dia seja um retorno do cemitério e que o domingo do Interior seja preservado. Claro, se faz necessário muito investimento em pesquisa para que possamos encontrar a droga que nos fará sobreviver. Para isso podemos utilizar nosso dinheiro que está resguardado pelo Estado e o lucro abusivo das operadoras financeiras.





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