Cousas da vida
David Santos
O vitorioso sufoca o derrotado
O milionário se alimenta do miserável
O banquete precede à fome
O sorriso esconde a lágrima
Devir da sobrevivência, opaca existência
Um caminhar que busca sua essência
Perdido na pura vida da indecência
Conquistas, derrotas sem procedência
Na vida tudo e todo que deixa de servir
Vira descarte, prossegue, para o fim do devir
Não há misericórdia ou condolência
O inútil se perde em sua indecência
Sem lágrima, sem saudade, sem lealdade
Visão dura da vida ou reflexo da realidade
São corpos dóceis e inúteis nas calçadas
São almas lançadas na existência calada
O inútil, a inútil, o ajudante, a ajudante
A plasta que mendiga o pútrefo errante
Existentes, sobreviventes, amantes
Sabem que nenhum dia é como antes
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