Adeus

David Santos

Venho agora dizer adeus, não quero mais o calor do sol e o frio da noite. Cansei do sonho, da esperança, dos planos, cansei de querer cuidar. Todo meu cuidado é puro vazio. Chega!
Já escuto o último pingar que marca o esvaziamento de minhas veias e artérias. Desligo o elo que me liga a Arché.
Hoje queria eu, eu queria, que fosse meu último dia. Caminhei pelas trevas ao encontro de meu Argos, mas ele temblava de frio e não me cercou. Fiel é a Odisseu, não a mim. Nem Ades pude mirar nos olhos e gritar: Maldito!
Queria eu que fosse o fim. O peso dos pesares alheios sufocavam minh'alma. Como queria eu que fosse...
A ardência correu minha garganta e seu líquido logo atingiu minha mente. O choro repentino usurpou o desejo cobiçado do último suspiro, do último bater.
Hoje venho dizer adeus, não a mim, a vida e a esperança.
Digo adeus a todos os malditos que escutei, a desgraça que estilhaçou minha audição, que cortou minh'alma.
Fui iludido que meu fim seria a solução!
Hoje digo adeus as negativacões, adeus às pessoas que acreditam que são melhores, digo adeus ao não reconhecimento, digo adeus a todo mal que me cerca.
Que venha vida, luz, paz e esperança, pois:
Há Deus e não há tempo de dizer adeus.

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