Viva Inconveniente

David Santos










Ela é sóbria, satisfeita, fria, impertubável
Inquieta de olhar fixo, contente com o que é
A alma do estóico, alma impertubável é
Proprietária do mais belo estado,  ataraxia
A alma do estóico é na poesia impertubável
Ele porém homem dominado por desejos é
Sua impertubabilidade é feixe de desejos
Todos criados, alimentados por seus ensejos
Sofre na sarx cada minúsculo impulso
É a prova por absurdo que humano é desejo
Humano é puro querer ser, o estar, o sentir
O humano, sem desejo, está sob seu epitáfio
Epitáfio que descreve no verso o que sentiu
Não se existiu, o que fez, mas o que viveu
Humano é humano, um puro querer viver
Um sentido retido n'uma aparência inestática
Viva, viva, viva humano, viva ao humano
Viva seus sentimentos, fortalezas e fraquezas
Consuma-se pela e na carne que é
Abandone a alma retida no espelho
Sinta a alma incontida, inconveniente
E viva, viva, viva, antes que venha o poente






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