Antes da Primavera



Por, David Santos
Tão simples a vida era
A vida antes da primavera
Antes do desabrochar das flores
Antes de no muro brotar a era



Naquele tempo era eu meu nome
Naquele tempo meu corpo falava
Não havia diferença entre mim e ele
Coisas para fazer, mundo para  ser


Com a primavera vieram às flores
Com as flores vieram às cores
Com as cores brotaram os odores
Os odores trouxeram outros senhores


Senhor do corpo que por si se basta
Senhora da alma que tudo fundamenta
Senhora ciência que tudo é ferramenta
Senhor dualismo que tudo fragmenta

Corpo e alma, alma e corpo
Corpo e corpo, corpo e não corpo
Alma a ser curada, alma a ser salva
Sou corpo, sou alma, sou corpo alma

Corpo e alma mudam, se transformam
Com o nascimento da era, pela era
Sentidos diversos lhes são dados
Por distintos dualismos são julgados

Era tão simples, antes da primavera
A vida sem flores, sem odores, sem cores
Nunca voltará a ser como ela era
Ao menos que ao fim da primavera

Caiam as flores, desapareçam os odores
E voltem para onde vieram todos, mas todos
Os conceitos, os trejeitos, os defeitos
Trazidos pelo razão juíza do corpo e da alma.

Tão simples será novamente nesse dia
Dia do fim  da razão, do corpo, da alma
Dia da união entre distintos que se igualam
Dia que antecede outra primavera

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