Deus
COMENTÁRIO: AS CINCO VIAS DA
PROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUS. SÃO TOMÁS DE AQUINO.
David Santos

A existência de
Deus é uma verdade evidente?
A existência de
Deus pode ser demonstrada?
Deus existe?
Como disse
Aristóteles, por natureza todos os homens
desejam o conhecimento, São Tomás aparenta fazer essa analogia a partir da
afirmação de Damasceno, O conhecimento da
existência de Deus é inato a todos os Homens. Por esse supõe que o
conhecimento de Deus é evidente e está ligado a natureza inata do humano que é
o desejo do saber segundo Aristóteles e a ciência de Deus segundo Damasceno.
Por outro lado, o teólogo analogicamente utiliza outro princípio aristotélico
que é o conhecimento do Particular e do Universal.
Particular: O
conhecimento do efeito de um remédio sobre determinada pessoa parte de uma
experiência, a não abstração desse ensaio para o universo de todas as pessoas, faz
com que ele seja fruto conhecimento do particular. Universal: Conhecendo um
particular e a partir desse vários outros particulares e ao aplicar esse saber
dado pela experiência sobre todos os outros particulares se obtém o
Conhecimento Universal. Como analisou Aristóteles no Caso de Cálias e Sócrates
e de todos os outros que padeciam da mesma doença.
Pelo
conhecimento do particular e do universal, tendo como referência o universal da
Palavra “Deus” e seu significado, somente quem tem o saber do todo e compreende
o significado da mesma, pode acreditar em seu objeto. Quem não tem a
experiência de Deus no particular e não possui conhecimento do universal, do
sentido de Deus, não pode acreditar nele. Agora quem conhece a parte e o todo
em torno do significado da palavra “Deus” e sabe que o particular não é maior
que o universal, e compreende que o que existe no pensamento e no real é maior
do que existe apenas no pensamento. Deus existindo no pensamento e no real é
uma realidade incontestável.
Além disso
tem-se a verdade como algo evidente, quem a nega a verdade, cria uma sentença
verdadeira, logo ela é evidente e existe. O Santo utiliza um trecho do livro de
João que diz: Eu sou o caminho a verdade
e a vida (Jo 14,6). Se a verdade existe mesmo sendo negada, logo Deus existe,
mesmo que seja negado, pois a negativa de Deus expressa sua evidência. Por
outro lado, defende o São Tomás, conforme o filósofo, que ninguém pode ajuizar
o oposto do que é evidente (Metafísica, IV. Segundos analíticos 1, 10). Os
insensatos dizem a si mesmo, Deus não há (Sl 52,1). Logo há evidência na
existência de Deus.
Seguindo o
raciocínio do Santo, temos duas maneiras de dizer que uma coisa é evidente: Ou
ela é evidente em si mesma e não por nós, ou pode ser evidente em si mesma e por
nós. Acompanhando o raciocínio uma suposição é verdadeira quando seu predicado
está contido nela. Logo, a proposição Deus é, é evidente e verdadeira. O
predicado de Deus é está contido nele mesmo, o ato de ser caracteriza Deus como
algo que nunca foi e que nunca será, Ele é. Mas como não se sabe o que Deus é,
a proposição cai no primeiro caso; evidente em si mesma e não por nós. Para
torna-la evidente por nós é necessário partir da análise de seus efeitos. Na
análise dos efeitos Tomás de Aquino faz três objeções.
Na primeira
tenta responder que o conhecimento da existência é verdadeiramente inato no
humano, uma vez que Deus é a felicidade do homem. Como por natureza deseja-se a
felicidade, e Deus é a felicidade, logo o homem deseja a Deus. Como conhece o
que deseja naturalmente o ser humano conhece a Deus. Mas isso não é conhecer
propriamente Deus, pois muitos consideram outras coisas como supremo bem.
Na segunda
determina que nem todos que escutam a palavra Deus consideram que ela designa
algo que não concebe nada que lhe seja superior. Outros concebem Deus como um
corpo. Porém somente é possível definir a existência de algo se admitir que
esse algo exista. Mas isso não é admitido por quem rejeita a Deus.
Na terceira
determina que a existência da verdade indeterminada é consistente em si mesma,
mas que a existência da primeira verdade não é evidente em si mesma para nós. A
essas questões São Tomás de Aquino disse que a existência de Deus pode ser
demonstrada por cinco vias.
A primeira via é
a do movimento, ato potência em Aristóteles, tudo que se movimenta necessita de
algo que o mova, nada se movimenta por si. Nada se move se não estiver em
potência para aquilo que se move e o que move deve estar em ato para aquilo que
move, pois o mover é passar de potência para ato. Logo, nada pode passar de
potência para ato sem um ente que já esteja em ato. Como exemplo traz o fogo
que é quente em ato, e a madeira que é quente em potência. Conclui se tudo se
move, para não cairmos num ciclo vicioso, deve existir uma causa primeira que é
ato em si, essa causa primeira ou primeiro movente, é Deus.
A segunda via é
a da causa eficiente, nada pode ser causa eficiente de si mesmo, pois se assim
fosse, existiria antes de si mesmo. De todas as causas eficientes o que está em
primeiro é a causa que se encontra no meio, e o que se encontra no meio é a
causa do que se encontra em último. Tiradas as causas tira-se o efeito. Se
procedermos indefinidamente de causa eficiente em causa eficiente, não haverá
primeira causa eficiente, nem haverá efeito último ou intermediário. O que é um
absurdo. São Tomás termina esse trecho dizendo que devemos admitir uma causa
primeira e que a conhecemos por Deus.
A terceira via é
a do possível necessário, “encontramos dentre as coisas algumas que podem ser
ou não ser, já que encontramos algumas que podem ser geradas e se corrompem,
por isso ao mesmo tempo podem ser e não ser” (Textos Básicos de Filosofia,
2000, p.72). Partindo disso é impossível que todas as coisas existam sempre,
alguma vez nada existiu, se isso fosse verdade e alguma vez nada existiu, nada
existiria agora, pois nada pode existir do nada e sim a partir de algo. Logo
afirmar que as coisas nasceram do nada é falso. Portanto é indispensável que
haja um ser que é necessário por si, não tendo fora dele a causa de sua
necessidade, antes pelo contrário que seja ele mesmo a causa da necessidade dos
outros, esse ser é Deus.
A quarta via é a
dos Graus que se encontram nas coisas, existem nas coisas algo que tende do
imperfeito para o perfeito, ou do mais bom para o menos bom. O “mais” e o
“menos” é expresso nos seres a partir do momento em que comparados a um máximo
verdadeiro existente, que são os maiores seres, como o dito no livro II da
metafísica. O que é máximo de um gênero é causa de tudo nesse gênero, como o fogo
que é causa do quente, como é dito nesse livro. Logo, algo é causa da
existência de todos os outros seres e a este chamamos de Deus.
A quinta é derivada
do governo das coisas. Vemos que todas as coisas que não possuem Inteligência,
agem para uma finalidade e são movidas por alguma inteligência, como no caso da
flecha lançada pelo arqueiro, que atinge seu objetivo máximo pela inteligência
e direcionamento do arqueiro. Logo existe algum ser inteligente que ordena tudo
para seu objetivo, a esse ser chamamos Deus.
São Tomás de
Aquino, como mencionado utilizou o raciocínio lógico e os princípios
Aristotélicos para tentar provar existência de Deus, a concepção de filosofia que
se pode tirar deste texto é; Filosofia é um método, ou ciência que por meio de
discursos lógicos busca a verdade, sua causa primeira e o conhecimento do
universal. Para provar a existência de Deus o Santo utiliza cinco vias, que
são: Deus é ato e Potencia; é causa eficiente; é possível e necessário; é o
grau perfeito e máximo; é o governo de todas a coisas. As suposições do Santo
podem até não provar a existência de Deus mas são muito lógicas e eficientes.
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