Tivesse Fim...
Se essa rua não tivesse fim, e se eu tivesse forças, seguiria meu desejo e a percorreria sem parar. Sem olhar para trás, sem sentir medo ou receio. Livre das coisas que me atormentam. Mas, quando a sola dos meus calçados acabar e minha carne começar a sangrar, ainda assim não vou parar.
Quem sabe, esse caminho me regenere e tire de dentro de mim aquela dor que o trajeto anterior veio a causar. Dor sem fim, que não me abandona, que me faz sangrar, mas é incapaz de me assassinar. Dor crônica, dor da condição humana, quase sobre-humana.
Uma coisa estranha sobre o caminho que não tem fim é que ele me leva ao ponto de partida, e aquela dor que passou volta, aquela alegria volta, aquela pessoa volta, tudo volta. Voltam de um jeito estranho, mas voltam. Com o tempo, percebo que aquela dor, aquela sangria, não dependiam do caminho, mas do meu puro sentir, da condição que me condiciona.
Belo texto
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