Oração do desespero

David Santos


Há um fogo que corre em meu sangue
Ensanguenta minhas veias e as queima
Há o cheiro da negrinha, há tinar no sangue
Ha um fogo que arde o desejo de não ser
Há um frio que congela a necessidade de ter
Já não há passos, não há ventos, não há o há
Há um fogo que consome o desejo de estar
Uma alma sozinha que não quer respirar
Um coração que bate com medo de parar
Há a esperança que se desespera ao olhar
Há o medo que se desperta no caminhar
Há no fim do túnel uma luz a se apagar
Há o desespero a nos sufocar, há palavras
Palavras a nos libertar do medo que quer matar
Matar a esperança do viver, livrar do alheio sonho
Há o verbo que encarna na gente e nos liberta
O Logos da fe que tudo cria e o da razão que procria
Há o desejo de não sucumbir ao calor do fogo
Há a liberdade que nos livra da foice da negrinha
Que nos coloca no mundo e grita: Viva, viva!




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