Os dois Pastores.
David Santos

O
primeiro pastor construiu uma grande fornalha. Lá prometia lançar todas as
ovelhas que se desagarrassem. Todos os dias em um ritual sangrento, sacrificava
um cordeiro, gritava que o sacrifício desse cordeiro era para retratar os erros
do rebanho, por mínimo que eram. Com medo e gemidos de dor as ovelhas baliam de
medo.
O segundo
pastor não construía fornalha, não precisava amedrontar. Possuía um olhar umedecido
de amor, lábios ressequidos de palavras, mas indicadores de paz de onde brotava
um sorriso consolador. No lugar da fornalha possuía uma lareira, onde colocava
para aquecer as ovelhas que haviam se perdido, as que reencontrou. Ali as
tratava e curava. Não diferenciava as bravas, das mansas, as manchadas e as sem
mancha, para ele todas eram iguais, todas eram amadas. De seu corpo emanava: calor
é de amor, amor de pai, amor de mãe, amor de cuidador, de cuidadora.
Todo seu
dia era um ritual e os olhos de seu rebanho fitavam o sacrifício diário que ele
fazia. Esse não matava simplesmente o cordeiro para impor medo aos outros
cordeiros. Anunciava pelo sacrifício do cordeiro sem mancha a ressurreição, a
salvação, o amor de criador, de mantenedor da vida. Essas ovelhas num manso
balir, de tão manso que era, produziam um canto de louvor e admiração, a voz
que não emanava da boca do bom pastor, emanava no balir daquele rebanho diverso
e conciso.
Não é
pelo medo, não são pelos sinais, não é pela dor e pelo sacrifício que se
transparece o salvador. A simplicidade e o silêncio, talvez sejam necessárias
para a compreensão do verdadeiro sentido, da verdade revelada. Que 2014 seja
guiado pelo Pastor Misericordioso, que possamos como dizia Santo Inácio, como
bem administrava nos Exercícios Espirituais São Pedro Fabro, sentir e saborear
as coisa internamente.
Feliz 2014, que seja um ano repleto de graças, repleto de paz, de saúde e
compreensão.
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